segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

"É melhor morrer de pé do que viver de joelhos". (Emiliano Zapata) - Revolução Mexicana

   Com essa Revolta que está acontecendo no Egito eu parei para pensar nas Revoluções que já aconteceram em vários países e, veio em minha mente a "Revolução Mexicana".
Todos com um objetivo semelhante, conquistar reformas democráticas que beneficiam o povo de sua determinada região.

   A Revolução Mexicana foi um conflito armado que teve lugar no México, com início em 20 de novembro de 1910. Historicamente, costuma ser descrita como o acontecimento político e social mais importante do século XX no México.




   Desde 1876 o general oaxaquenho Porfírio Díaz liderou o exercício do poder no país de maneira ditadora. A situação prolongou-se por 34 anos, durante os quais o México experimentou um notável crescimento económico e estabilidade política. Porém tudo isso nas custas dos menos favorecidos e pela oposição ao regime Diaz. Até que, no primeiro decênio do século XX rebentaram várias crises em diversas esferas da vida nacional, as quais refletiam o crescente descontentamento de alguns setores com o Porfiriato.

   Porfírio Díaz então decidiu à renuncia e que não se elegeria novamente, porém como não havia partido político Francisco I. Madero realizou várias rondas pelo país com vista a formar um partido político que elegesse os seus candidatos numa assembleia nacional e competisse nas eleições. Mas Diaz foi contra sua própria palavra e foi reeleito, tornando Madero preso por sedição.



   Após toda essa confusão, Madero conseguiu escapar da prisão estatal e fugiu para os Estados Unidos. Desde San Antonio proclamou o Plano de San Luis, que apelava a tomar as armas contra o governo de Díaz em 20 de novembro de 1910. Diaz então renunciou o cargo e exilou-se na França.

   Em 1911 houve nova eleição onde Madero teve o poder. Mas isso também não agradou sua oposição, e houveram muitos conflitos com outros líderes revolucionários.

   Em 1913 um movimento contrarrevolucionário, encabeçado por Félix Díaz, Bernardo Reyes e Victoriano Huerta, deu um golpe de estado. O levantamento militar, conhecido como a Decena Trágica, terminou com o assassinato de Madero, do seu irmão Gustavo e do vice-presidente Pino Suárez. Huerta assumiu a presidência, o que ocasionou a reação de vários chefes revolucionários como Venustiano Carranza e Francisco Villa. Após pouco mais de um ano de luta, e depois da ocupação estado-unidense de Veracruz, Huerta renunciou à presidência e fugiu do país.

   A luta entre fações estava longe de terminar. Durante o reajustamento das forças foram assassinados os principais chefes revolucionários: Zapata em 1919, Carranza em 1920, Villa em 1923 e Obregón em 1928.

   Atualmente não existe um consenso sobre quando terminou o processo revolucionário. Algumas fontes situam-o no ano de 1917, com a proclamação da Constituição do México, algumas outras em 1920 com a presidência de Adolfo de la Huerta ou 1924 com a de Plutarco Elías Calles. Inclusivamente, há algumas que asseguram que o processo se prolongou até aos anos 1940.

   Mas na minha opinião quem se destaca nessa revolução é Emiliano Zapata.

   Considerado um dos heróis nacionais mexicanos, Zapata é também a inspiração para o movimento zapatista, iniciado no estado de Chiapas.


   Enquanto Porfirio Díaz estava tendo que se preocupar com a candidatura de Francisco Madero, Zapata fazia uma aliança secreta para derrubar seu governo.

   E com a revolta popular, começaram a se formar vários bandos guerrilheiros para lutar contra o poder de Diaz. Zapata rapidamente assumiu um papel importante, tornando-se o general de um exército formado em Morelos (o Ejército Libertador del Sur, Exército Libertador do Sul).

   O Movimento Zapatista inspirou-se na luta de Emiliano Zapata contra o regime autocrático de Porfirio Díaz que encadeou a Revolução Mexicana em 1910. Os zapatistas tiveram mais visibilidade para o grande público a partir de 1 de janeiro de 1994 quando se mostraram para além das montanhas de Chiapas com capuzes pretos e armas nas mãos dizendo Ya Basta! (Já Basta!) contra o NAFTA (acordo de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá) que foi criado na mesma data.

   O movimento defende uma gestão democrática do território, a participação direta da população, a partilha da terra e da colheita.

   Zapata liderava os camponeses do sul e Pancho Villa liderava-os no norte. Madero havia prometido a reforma agrária e eleições para presidente, contudo boa parte dessas promessas ficou no papel. Insatisfeito com as atitudes de Madero e com a falta de apoio ao Plano de Ayala, Zapata não pode suportar a indicação para governador de um simpatizante dos grandes proprietários, e mobilizou novamente seu exército de libertação.

   Madero, preocupado, pediu a Zapata o desarmamento e desmobilização do exército. Ao que Zapata respondeu que se as pessoas não poderiam obter seus direitos então, armadas como estavam, não teriam qualquer chance quando estivessem desarmadas. Madero enviou diversos generais para tentar neutralizar Zapata, mas com pouco sucesso.


   Madero foi logo destituído por Victoriano Huerta, um antigo general porfirista, que deu anistia a Díaz e controlou as frentes indígenas em luta pela reforma agrária. A reação dos camponeses a esse governante aumentou consideravelmente as forças armadas de Zapata, e também ajudou um novo grupo do norte: os villistas, comandados por Pancho Villa. Os Villistas eram compostos em maioria por simpatizantes de Madero, o que fez hesistar Zapata ante a um encontro com Villa.

   Carranza se fez chefe do governo pouco depois, o que se afigurou como mais um abuso. Inicialmente Carranza obteve lealdade de Álvaro Obregón, um comandante militar que deveria conter as guerrilhas zapatistas e villistas. Os zapatistas mantiveram-se mobilizados, mas com sérios problemas internos após anos de batalhas.

   O governo de Carranza chegou a ponto de oferecer uma recompensa pela cabeça de Zapata, com objetivo de fazer o instável exército zapatista trair seu líder e desencorajar outros chefes zapatistas. Nenhum dos objetivos foi conseguido.

   Em 9 de abril de 1919 o general Jesús Guajardo convidou Zapata para um encontro, fingindo simpatizar com a causa zapatista. Quando Zapata o encontrou, entretanto, Guajardo disparou diversas vezes contra ele; a seguir, entregou o corpo do chefe revolucionário em troca da recompensa oferecida (na verdade, metade do que havia sido oferecido).




   Após a morte de Emiliano Zapata, o Exército de Libertação do Sul começou a desintegrar-se, desaparecendo depois que uma rebelião comandada por Obregón depôs Carranza. As conquistas de Zapata no estado de Morelos foram aos poucos desaparecendo, também.

   Mas, poucos anos após a morte de Zapata, o presidente Lázaro Cárdenas finalmente conseguiu promover uma reforma agrária nacional no ano de 1934.

   O legado de Zapata permanece vivo ainda hoje, particularmente entre os grupos revolucionários do sul do México. Disse ele uma vez: "É melhor morrer de pé do que viver de joelhos".

   Emiliano Zapata foi retratado em filmes por atuações de Marlon Brando (Viva Zapata!, 1952), Jaime Fernández (1966), Tony Davis, (1969), Antonio Aguilar (Emiliano Zapata, 1970), e Alejandro Fernandez (Zapata - El sueño del héroe, 2004, com diálogos na língua Nahuatl).

E VIVA ZAPATA! - VIVA O MÉXICO!


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